terça-feira, 18 de novembro de 2008

Judiciário tem novo entendimento em ações judiciais por erro médico

Judiciário tem novo entendimento em ações judiciais por erro médico
Luiza de Carvalho, de São Paulo
18/11/2008



A Justiça começa a apresentar entendimentos mais flexíveis em relação à responsabilidade dos hospitais por danos que foram causados a pacientes em decorrência de erros médicos. Em outubro, ao julgar um recurso interposto por um hospital, a Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) uniformizou o entendimento da corte no sentido de que a instituição não tem a obrigação de indenizar o paciente se o médico que causou o erro não é um funcionário contratado pelo hospital, mas apenas realizou uma cirurgia em suas instalações. Nas varas da Justiça e nos tribunais do país, decisões recentes contrariam a jurisprudência tradicional do Poder Judiciário para excluir a responsabilidade objetiva do hospital - pela qual não é necessário que os pacientes provem a culpa da entidade pelo dano causado -, se a demanda ajuizada trata de procedimentos estritamente técnicos dos médicos.

O número de ações judiciais que pedem indenizações por erros médicos é crescente no país - segundo dados do STJ, nos últimos seis anos elas aumentaram 155% e há atualmente 444 processos na corte sobre a matéria. O salto é explicado tanto pelo aumento do acesso da população ao Judiciário quanto pela consolidação da aplicação do Código de Defesa do Consumidor (CDC) nas relações entre médicos e hospitais e seus pacientes - o que confere uma proteção maior aos pacientes e, conseqüentemente, maior chance de vitória nas disputas judiciais. No entanto, em geral as ações são impetradas contra os hospitais, clínicas e laboratórios porque o código os classifica como prestadores de serviço cuja responsabilidade é objetiva - cabe aos estabelecimentos provarem que não têm culpa. Já no caso dos médicos, a responsabilidade tem sido considerada subjetiva - ou seja, é preciso que a parte autora da ação prove a culpa do profissional. Embora esse seja o entendimento majoritário na Justiça hoje, algumas decisões podem sinalizar uma mudança.

É o caso da primeira decisão sobre o tema tomada por uma seção do STJ. A ação foi movida contra o Hospital e Maternidade São Lourenço, de Santa Catarina, e dois médicos que não faziam parte de seu quadro de funcionários por uma paciente que perdeu os movimentos normais das pernas após uma cirurgia de varizes. Em primeiro grau, a Justiça condenou o hospital a responder solidariamente a um dos médicos e a indenizar a vítima em R$ 52 mil, além de fornecer a ela uma pensão vitalícia. O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) reduziu o prazo de pagamento da pensão e manteve o entendimento, por considerar a "incontestável retribuição financeira" do hospital ao fornecer suas dependências.

Ao ajuizar um recurso especial no STJ, o hospital alegou que o Código de Defesa do Consumidor não seria aplicado ao caso porque os danos decorreram de procedimento médico e não dos serviços prestados pela instituição. Por quatro votos a três, os ministros deram provimento ao recurso, por entenderem que o hospital só responderia se tivesse indicado o médico para a cirurgia. No voto vencedor, o ministro João Otávio de Noronha afirma que não há relação de consumo no caso. De acordo com o advogado Eduardo Gofe, que defende o hospital, a tese da segunda seção do STJ já está sendo aplicada nas primeiras instâncias da Justiça em outros casos em que atua.

Essa é a percepção mais recente de advogados que atuam na defesa de médicos e hospitais - a tendência das primeiras instâncias da Justiça de somente responsabilizar objetivamente o hospital por erros médicos quando se trata de defeitos atinentes à própria atividade da instituição, como exames e acomodações. Há diversos acórdãos com esse entendimento nos tribunais de Justiça de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no próprio STJ, todos posteriores a 2005. De acordo com Eriete Ramos Dias Teixeira, gerente jurídica do Sindicato dos Hospitais do Estado de São Paulo (Sindhosp) - que atua na defesa de mil hospitais, 1,7 mil laboratórios e cerca de 20 mil clínicas -, a tese começa a ser usada nos casos em que o dano foi decorrente da má-conduta médica. "Temos conseguido reduzir o valor das indenizações", conta. Para o advogado Edson Balbino, do escritório RBBM Advogados, que também atua na defesa de hospitais, essa nova corrente jurídica tem sido cada vez mais aceita nos processos em que atua. "A conseqüência disso é a redução de demandas oportunistas", diz Balbino.

No entanto, para o advogado Dagoberto José Steinmeyer Lima, da banca Advocacia Dagoberto J.S. Lima, especializada na defesa de hospitais e seguradoras, esse entendimento ainda está longe de prevalecer. Lima conta que, em casos recentes de erro médico em que está atuando, a Justiça tem inclusive eximido o médico da culpa para condenar somente a operadora, por considerar que o profissional atuou dentro dos limites técnicos oferecidos pelas instituições. "Defendemos sempre que o médico deve responder sozinho quando não é preposto do hospital", diz.

Além da alegação de que apenas falhas estruturais podem ensejar a responsabilidade objetiva de hospitais, há outros argumentos na tentativa de reduzir a culpa das instituições. De acordo com o advogado Sergio Coelho, do escritório Coelho, Anselmo & Dourado Advogados, em alguns casos em que a banca atua houve o entendimento, nas primeiras instâncias, de que certos riscos, como o de infecções hospitalares, seriam inerentes aos procedimentos médicos e que os hospitais, portanto, não podem assumir a culpa por isso. Segundo o advogado Alex Pereira Souza, sócio do escritório A. Couto Advogados Associados - que atua na defesa de médicos e hospitais -, um aspecto cada vez mais levado em consideração pelos juízes é o dever de informação dos riscos da cirurgia aos pacientes. Segundo ele, em recentes casos o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) exigiu que fosse demonstrado que foi feito um "termo de consentimento informado" para não haver a responsabilização dos profissionais e das instituições de saúde.

Na opinião de advogados que atuam na defesa dos consumidores, no entanto, a interpretação mais favorável às instituições e aos profissionais não tem chance de prevalecer no Judiciário nas ações envolvendo erros médicos. Para a advogada Flávia Lefèvre Guimarães, do escritório Lescher Lefèvre Advogados Associados, que auxilia diversos órgãos de defesa do consumidor, na maioria das decisões os hospitais e planos de saúde estão respondendo solidariamente e objetivamente aos erros médicos, conforme determina o Código de Defesa do Consumidor. Para Flávia, o procedimento correto é ingressar com ações judiciais somente contra os fornecedores, e não contra os médicos - isso porque, depois de paga a indenização ao paciente, a culpa pode ser apurada em outra ação judicial ajuizada pelo hospital contra o médico. Mas, para Flávia, o valor das indenizações ainda é baixo, o que, segundo ela, funciona como um estímulo para as práticas abusivas de fornecedores - em um caso recente, a advogada obteve 200 salários mínimos de indenização por danos morais a um paciente que quase ficou tetraplégico por conta de um erro médico.

2 comentários:

Anônimo disse...

"Errar é humano."Com esta frase o médico alemão Hans Killian,que cuidava de um hospital na Alemanha no século XX.Que depois da Guerra diante de uma Alemanha destruída trabalhou para os russos.
Um humanista que nos alerta que nesta profissão os erros tem proporções enormes.
Pode-se destruir o paciente com um falso diagnóstico ou sua auto-estima.
Lembro-me de Chaplin:Sois homens,homens que sois.
Chaplin em minha opinião o maior gênio do cinema de todos os tempos.Um homem de uma sensibilidade e vísionário:O grande Ditador,Luzes da Ribalta,O Garoto.
Em luzes da Ribalta é praticamente auto-biográfico.O cinema mudou.Seu publico estava ficando velho.Ele filma com maestria o velho palhaço que fez a rir a todos e agora velho e solitário ajuda uma bailarina paraplégica.
Unidos na dor.A trilha sonora é belíssima.Composta por Chaplin.
Chaplin o mito vive.Garoto eu assistia com meu avô as sessões.E eu via a emoção.
Mas o que tem a ver isto com a China?
Uma dose de humanismo.Muitos médicos são bem preparados profissionalmente.
Muitas vezes o paciente necessita ser ouvido.
Mas a pressa principalmente se for do SUS agoniza na fila.
Lembro de um caso de Killian.Era uma rude camponesa paralítica que morava na floresta Negra.
Paralítica há vários anos.Resolveu pegar o carro e se encaminhar.
Lá viu uma senhora de 40 anos de cabelos levemente grisalhos.
Examinou a paciente e não viu lesão nenhuma.Começou a conversar ela disse ter sido muito maltrada pelos parentes.Que a obrigavam a cortar lenha e sofria humilhações.Principalmente do marido que a chamava de "noz gorada"pois não podia ter filhos.
Resolveu levá-la para o centro de vivência com outros pacientes.Lá ela esboçou os primeiros passos.Conversando a sua melhora era supreendente.
Fimalmente estava curada.Era uma forma de se refugiar dos maus tratos sofridos.
Voltou para casa.Algun tempo depois o marido voltou a procurá-lo.
--Pois é doutor o senhor curou apenas parte do problema.Ainda é uma noz gorada.
Sugiro que façam ambos os testes.Resultado a mulher era fértil e ele estéril.
Algum tempo depois voltou a visitar a família.
E viu um garotinho loirinho.Ela falou os pais sofreram um acidente de carro.E meu marido afeiçou-se tanto a criança que passa horas fazendo brinquedos de madeira.
O autor que vos escreve foi vítima de descaso pelo Paí.
Preferia lustrar carros a dar atenção aos filhos.
Isto destrói a auto-estima das crianças.Amem seus filhos.É o mínimo.
Por isso vemos drogas,alcolismo.De filhos que não foram amados por sus país.
Não adinta mestrado,doutorado,Phd.Tem que ser gente.
Na China o problema é complexo.Pela super-população.Gente demais "É um negócio da China".
Talvez a terra agonize e o homem é o cancêr deste planeta.
O homem tudo destroí.A antólogica cena de Charlton Heston em O Planeta dos macacos"Diante da estátua da liberdade tombada,e os restos da civilização".
-Vocês conseguiram!!!!

RicardoGMDuarte

Anônimo disse...

Cabe o bom senso.De não atacar classe alguma.Mas no caso dos médicos é a vida em jogo.Para um médico nada é maís triste do que perder o paciente em uma mesa de cirurgia.
Mas há médicos e médicos.Alguns da velha escola.Outros embruteceram de tal forma que tratam como normal.
São paradigmas não oriundas da casse médica mas de todos profissionais.
A vida humana dom de Deus.Lidar com pressôes
é terrivel.Para todos nós da condição humana.Somos frágeis e limitados.
Somos eternos peregrinos em nossa marcha para Deus.
O ser humano é complexo,dífícil.Um mosteiro beniditino!!!
Nosso amigo piloto Antoine Marie Roger de Saint-Exupéry estava tão descrente do homem.
Que queria passar seus ultimos dias em um convento beniditino.
Para ele não foi fácil.Como para nós também não é.
Temos que parar ,respirar contar até dez e continuar.
Tinha o homem na concepção mais perfeita do ser humano.
Pobre Saint-Ex.Deixou-nos interrogações.Como dedicar a Léon Werth o préfacio de seu livo.O pequeno príncipe.
Ontem no supermercado ví seu livro.Que conheço muito bem.
A vaidade humana.Do outro ví os olhos dos mercadores.Tudo girou rápido e compreendi as inquietações da alma humana.
Não foi perfeito apenas Jesus Cristo o foi e morreu crucificado.
Sua desilusão era tremenda.Homens morrendo por nada.
A vida um azougue.Trazia no bolso uma nota de cem francos para ajudar os amigos.
Albert Camus escritor argelino radicado na França.Têm uma visão diferente autor de:A peste,O estrangeiro,O mito de Sísifo
Até falecer em um acidente de automóvel.
Contava que nasceu no mar e lá passou os dias mais felizes de sua vida.
Victor Hugo em "Os trabalhadores do mar ".A personagem vivia entre o mar e os pássaros.
Dividia o pescado com os carentes,mas a burguesia via-o com maus olhos.Vivia isolado,mas muitos não gostavam dele.Simplesmente não gostavam.Eram ilhas de Guernesy perto da Mancha.
Nutria bons sentimentos por uma donzela da Vila.
Um dia o Vapor que dava sustento.Despedaçou-se contra os rochedos.E ela afirmou que casaria-se com o homem que conseguisse trazer a máquina de Vapor.Caríssima.Certo que ela cumpriria a promessa.Aparelhou o bote.O persongem falta-me o nome.Lá encontrou o barco encravado nas pedras e a máquina intacta.
Com força hérculea desembaraçou e sem comida lutando contra as íntempéries.Foi soltando a máquina tarefa praticamente ímpossivel para um homem.Tinha que mergulhar para ter acesso a outra parte da máquina.Viu os restos mortais humanos.Uma imensa lula aprisionou-o em seus téntáculos.Lutando cravou uma luta pela vida.Cravou a adaga na parte mortal.Exaurido voltou ao ao porto de Guernesy todos correram.Nínguem acreditava que um homem podia ter feito algo assim.
A jovem correu e mal podia acreditar.A promessa já havia esquecido.
Cansado,exaurido.Foi dormir.Mas a donzela vivia de namoricos com um jovem padreco.
E pretendiam tomar o Vapor com o dinheiro da Caldeira e ir para Londres.
Nosso amigo viu os dois escondidos nas folhagens.No dia da partida.Cruzou seus caminhos.E todos esperavam uma reação hostil.Pegou suas moedas de ouro deu-lhes.Não falaram nada.Correram para o vapor.
Ele setou-se no promómtorio.E a fumaça do vapor subiam em rolos de fumaça.O vapor sumia no horizonte.
A maré subia e ele ficou nas pedras parado até a maré subir até as narinas,o vapor sumia cada vez mais e a maré subia.
Um belo livro com tradução de Machado de Assis.
Um obra-prima de Victor Hugo.Ficção pois perder a vida por isto é estupidez.
Mas voltando a Medicina.Muitos dão seu melhor mas ás vezes não é suficiente.
Não podemos salvar o mundo.Somos pequenos demais.
Caímos emum contexto.Lembro que em uma da aulas o professor perguntou.Vocês podem mudar a realidade.
Estavam enganando os jovens imberbes.E caçando níqueis para a instituição.
Eu te afianço impossivel.
Guevara.Errou é verdade e muito,matou e foi morto.Mas o que conseguiu em termos de América Latina foi algo assombroso.
Faço uma análise imparcial.Pois a verdade não está em nós embora julguemos possui-la e muito mais abstrata e ínatingivel.Que o judíciario deva tomar suas medidas.Com benevolência e analisando criteriosamente.Afinal lidamos com seres humanos e a perfeição é objeto de museu.
Funde um ímperio onde tudo seja fervoroso.Precisamos dos mal escultores,dos cinzeladores que falham no seu golpe de cinzel,dos mal escultores e dos bons.
Por maís infimo todos os nossos esforços srvimos ao mesmo Criador.

Ricardo GmDuarte.